Mulheres perguntam demais… fato.
Mas algumas situações podem ter efeitos que duram uma vida toda. Enfim, podemos filosofar acerca do assunto, afinal, nossas vidas são constituídas de escolhas, e, para algumas escolhas, perguntas fazem-se necessárias.
Mas me ocorreu uma situação em que eu relembrava, naqueles momentos ‘stand by’, e a imagem voltou à mente. Aconteceu há uns 10 anos ou mais, eu ainda solteiro.
Quando mais novo e mais inteirinho, eu REALMENTE era parecido com o Ferris, o que, inclusive, foi o mote que me levou a virar um fake dele. Pois então, a semelhança com o ícone do clássico dos anos 80 me beneficiou em algumas situações na vida. Especialmente com mulheres. Eu nunca me achei parecido, mas, minha prima embestou um certo dia que eu era, aí, a partir daí, várias pessoas começaram a dizer a mesma coisa. Então aceitei de bom grado, afinal, ainda por cima, o personagem sempre me foi bem carismático.
Pois então, numa dessas, estava eu na noite, numa festinha muito da ruinzinha, casa vazia, poucas pessoas e eu já contando os minutos para ir embora. Aí, me dei conta que tinha que gastar a consumação para ir embora. Então me encaminhei ao bar, afinal, tomar um balaço sempre é uma boa alternativa para uma noite pouco promissora. Pedi um sei lá o que para o barman, mas devia ser algo caro e forte, porque eu sempre preferi tomar porres rapidamente com destilados do que me entupir de cerveja e ficar mijando de 2 em 2 minutos. Então dou aquela suspirada no estilo “só me resta beber”, quando ouço uma voz melodiosa e com um gracejo já conhecido:
– Já te disseram que tu é a cara do cara do filme “Curtindo a Vida adoidado”?
Ao que eu já respondia instintivamente:
– O Mathew Brodderick? É, já tinha ouvido… – Me virando para ver a dona da voz…
Tomei um susto, e agradeci por não estar bebendo nada naquele momento, pois provavelmente teria me engasgado. A mulher era um espetáculo… um monumento… com um sorriso espetacular se aproxima e o assunto sobre o filme se estende. Reviro os olhos para cima com cara de “Obrigado Senhor!” (nessas horas a gente acredita numa força maior), e conto as coincidências positivas que o filme me proporcionava.
Tudo ia muito bem e eu já achando que estava com a noite ganha. Até que, fatidicamente, a moça resolve fazer a perguntinha que mudou o rumo da coisa.
– E eu, tu sabe com quem eu sou parecida? Também escuto isso direto, quenem tu…
PARA TUDO!
Olho pra cima novamente, só que agora com cara de “O Senhor está de sacanagem, 01” e me engasgo todo.
Não tinha a menor idéia de quem a mina era parecida. Só sabia que ela era gata pra caramba. Muito além do que eu achava, inclusive, pois o meu amigo teve um surto quando me viu com ela.
O cérebro percorria todo o tipo de filmes que eu pudesse lembrar, e, infelizmente, como eu já tinha pedido a bebida forte ao barman e já tinha tomado uns goles, o raciocínio já não estava lá essas coisas. Eu realmente não sabia com quem ela era parecida. E, pelo andar da carruagem, a minha resposta faria toda a diferença. Eu já notava que ela não tinha gostado que eu instintivamente não tivesse respondido com uma cara de “mas é claro que tu é a cara da…”. Fora que, pelas minhas intenções, só conseguia imaginar filmes pornô à aquela altura do campeonato.
Tentei enrolar para ganhar tempo, mudar de assunto. Ao que eu vi que ela se incomodou com a minha ignorância sobre a sua famosa semelhante. Quase disse um “e lá faz diferença, tu é gostosa pra caraio, muié!”, mas não era a resposta que mudaria o jogo ao meu favor. Aí, como todo bom estúpido, resolvi ser honesto e dizer: “bá, não sei mesmo…”.
Pronto, me fodi. A honestidade é uma virtude que não se usa em bares e danceterias. A gente só tem que usá-la quando quer algum compromisso a longo prazo. Nota mental ad eternum: “apenas diga o que elas querem ouvir, limite-se a isso”.
Muito contrariada, ela me diz que era a tal da Mariah Carey. E, lembrando depois, era mesmo. Não muito parecida, é claro, mas eu achei prudente não dizer que nem era tanto. Afinal, sempre dá pra piorar o que está ruim. Também não poderia dizer a ela que não era lá muito fã da moça, a musiquinha era meio água com açúcar e o máximo que me agradava na dita era a gostosura, tal qual a pseudo-clone da mesma.
A mulher mudou a cara e já dava indícios de que ia embora. Tentei reverter a situação com tudo o que me era disponível no momento, mas, tava evidente de que eu tinha perdido a cartada. Olho novamente pra cima com cara de “Pô, me ajuda aê!”, mas nada. O ’01’ tava com humor afro-descendente naquela noite, tal qual estava na semana passada quando matou uma senhora que se curou de um câncer, saindo do hospital, com a copa de uma árvore que caiu em cima dela.
Pois então, me ralei, e o máximo que consegui ainda foi o telefone para marcarmos algo em outro dia, o que nunca aconteceu.
Aí fiquei praguejando porque raios ela tinha que fazer a tal da pergunta. Mas não adianta, mulheres perguntam… perguntam demais, diga-se de passagem. E é por isso que homens são tão evasivos. Sabemos que qualquer resposta errada pode ser fatal, então, temos que nos focar no objetivo principal e desviar dos percalços do percurso. Raios de Mariah Carey! Nessa hora me praguejei também por não ser mais eclético. Mesmo não gostando de certas coisas, temos que nos atualizar para não perder oportunidades como esta. Aí comecei a assistir mais MTV e TVZ do Multishow com esses hiphopzinhos meia boca.
Mas já tinha ido. Estava eu revertendo uma noite perdida com um gol de placa, daqueles antológicos, quando coloco tudo a perder. Com um gol contra, embora honesto, de forma ANTAlógica.
Mas, dane-se, o Ferris ainda me propiciou outras… como num certo dia de inverno em que eu resolvi sair de casa contrariado para uma danceteria, e, ouvindo a velha frase conhecida, rezei para que não viessem perguntas como a daquele dia. E de fato não vieram. E o que aconteceu? Eu CASEI com a moça.
Bom, tá certo que depois ela me encheu e enche até hoje de perguntas, normal. É mais forte do que qualquer mulher. Mas o ensinamento que fica para vocês meninas, é que, quanto menos perguntarem, maiores são as chances de ‘sair negócio’. A velha máxima do ‘não perguntem o que não vão gostar de ouvir’ serve para vocês. Enquanto para nós, a máxima que fica é a ‘tudo o que você disser poderá e será usado contra você no tribunal’.
Ô pisiti, caiu aqui…parecido com Ferris? Da onde?
Eu já nem acho só parecido, acho que são gêmeos univeterinários(é assim que se diz?)
ahahahaha
Praticamente a cara dum, fuço do outro… mas, nos dias de hoje, é depois daquela cena em que o Godzilla pisoteou ele…